Uma das questões mais polêmicas, se assim podemos dizer, nesta revisão da ISO 9001 certamente foi a introdução do risk-based thinking. O requisito principal da norma ISO 9001:2015 que abordará este tema será o item 6.1, embora sua aplicação apareça em vários outros requisitos. Aliás, nas demais normas de Sistemas de Gestão da ISO que são ou serão elaboradas de acordo com o Anexo SL, será neste requisito que haverá um espaço destinado aos riscos. Funcionará assim também na ISO 14001 de Sistemas de Gestão Ambiental e nas demais normas.
Mas afinal, o que mudou no requisito 6.1 comparando as versões DIS e FDIS da ISO 9001?
Este item continua firme no FDIS, não teve redução de requisitos, pelo contrário, foi escrito de uma forma que dê mais ênfase também às oportunidades. Vejamos alguns acréscimos em sua redação.
Foi acrescentado o item 6.1.1 b) aumentar os efeitos desejáveis – referindo –se claramente às oportunidades, àquelas situações onde a organização busca tirar proveito de uma oportunidade e potencializá-la, melhorando seus resultados.
Se o governo, por exemplo, está cheio de incentivos para a sua indústria, o que você faz? Prepara a sua comitiva e vai lá se reunir com os representantes, se cadastra nos projetos, mobiliza a sua empresa para participar daquela oportunidade, ou seja, você faz de tudo para não perder a maré boa, não é mesmo?
O item 6.1.1 c) que dizia “alcançar a melhoria contínua” , no FDIS vira 6.1.1 d) alcançar a melhoria. Isso porque a melhoria contínua (Requisito 10.3) é um item dentro de um item maior denominado Melhoria (Requisito 10).
Uma nota foi inserida para tornar mais claro o que fazer diante de oportunidades, vejamos:
NOTA 2 – As oportunidades podem conduzir a adoção de novas práticas, lançamento de novos produtos, abertura de novos mercados, prospecção de novos clientes, estabelecimento de associações/parcerias, utilização de novas tecnologias e outras possibilidades desejáveis e viáveis para atender às necessidades da organização e seus clientes.
O conteúdo do DIS ISO 9001 comparado com a versão da ISO 9001:2008 representa uma grande evolução. Como usuário, percebi que quando o DIS foi publicado, muitos profissionais da qualidade se mostraram contrários a alguns requisitos, como, por exemplo, o risk-based thinking, alegando que muitas organizações ainda não teriam maturidade de gestão para adotar tamanha novidade.
Organizações de sucesso já têm uma cultura de gestão da qualidade e pensamento baseado em risco enraizados em suas práticas de gestão, isso não é novidade agora. Veja os casos da Apple, Samsung e muitas outras empresas que têm liderado por anos mercados ultra-competitivos. Organizações que não estão preocupadas em compreender e aplicar uma abordagem baseada em riscos, certamente não irão resistir ao árduo campo de batalha do temido século XXI.